China vs Japão: o envolvimentos dos países na Guerra da Ucrânia revela sobre um passado conflituoso

O que os governantes da China e do Japão afirmam sobre a guerra na Ucrânia e como o apoio prestado por esses países as nações envolvidas nesse conflito está relacionado a um contexto histórico e político.

A Rússia é um dos maiores fornecedores de gás natural para toda a Europa. Os jornalistas Chris Stern e Chris Liakos em reportagem para a CNN relatam que em julho deste ano a estatal russa Gazprom cortou parte do gás destinado ao continente, especificamente a Alemanha (onde está localizado o banco central da União Europeia). Em setembro, segundo reportagem do G1, a empresa reafirmou o bloqueio. Em meio aos conflitos atuais e a guerra na Ucrânia, o apoio de cada nação se faz importante. Além de dizer muito sobre a ideologia e o sistema apoiado pelo país, essa decisão também evidencia antigos conflitos e velhas parcerias. O apoio de países de todo o mundo têm sido essenciais para o desenvolvimento desse conflito que afeta não só os envolvidos, mas todos em geral. Consequências como o aumento nos preços de combustíveis podem vir a se tornar grandes empecilhos econômicos para todos. As relações econômicas e diplomáticas entre diversos países podem ser gravemente afetadas de acordo com o país apoiado por cada nação. Nesse contexto, o suporte tanto político quanto econômico se faz de extrema importância. Tanto o Japão quanto a China já se pronunciaram sobre os recentes acontecimentos, escolhendo pólos diferentes relacionados a ideologias distintas. Mas o que isso significa para ambos os países?

No passado, as nações citadas já tiveram relações conflituosas, como por exemplo na Segunda Guerra Mundial. Enquanto o Japão, juntamente com a Itália, apoiava a Alemanha e o governo nazista de Hitler, fazendo parte dos países do Eixo, a China contava com o apoio dos EUA, URSS, França e Reino Unido, sendo um dos países denominados de Aliados. Essas diferenças levaram a grandes conflitos como a Segunda Guerra Sino-Japonesa, na qual houve a invasão de territórios e a dominação japonesa sobre o povo chinês. Esse conflito só chegou ao fim após a explosão de duas bombas atômicas sobre o Japão, quando o país finalmente se entregou aos Aliados. As consequências dessa guerra foram enormes. Os efeitos dessa guerra ainda podem ser vistos na população tanto japonesa como chinesa. Estudos feitos pelo professor da London School of Economics & Political Science Eric Schneider provaram os prejuízos que a Segunda Guerra Mundial causou para a altura de crianças japonesas atualmente. Esses danos estão relacionados aos grandes problemas de saúde enfrentados pelas crianças daquela época, que foram capazes de afetar e modificar o DNA dessas pessoas. Até hoje, os efeitos dessa Guerra tem influência na vida dos japoneses, mostrando o quanto conflitos dessa proporção podem ser prejudiciais.

Nesse contexto, o apoio dessas potências na guerra da Ucrânia se faz relevante. Reportagem feita pelo G1 confirma que a China, antiga aliada da URSS, segue apoiando a Rússia durante esse conflito. De acordo com outra reportagem produzida por Rodrigo Craveiro, em reunião com o colega russo Vladimir Putin, o atual presidente chinês Xi Jinping relatou preocupações com o desenvolvimento da guerra, criticando também a tentativa da criação de um “mundo unipolar” imposta pelos EUA. “Em face das mudanças do mundo, dos tempos e da história, a China trabalhará com a Rússia para cumprir suas responsabilidades como grandes nações e desempenhar um papel de liderança em injetar estabilidade em um mundo de mudanças e de desordem”, agrega Xi. O presidente também evidenciou a intenção tanto russa quanto chinesa de manter a soberania e a segurança do gigante Euroasiático. Toda essa aliança também está relacionada a uma ideologia política em comum durante anos: o socialismo.

Porém, por mais que a China seja uma grande aliada russa, o presidente não é a favor ou contra a invasão em territórios ucranianos. Craveiro também reporta que, de acordo com o cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da Universidade de São Paulo (USP) Vicente Ferraro, “Um eventual escalonamento da guerra pode prejudicar a concepção de ordem multipolar que russos e chineses objetivam construir. Desde os anos 2000, Pequim e Moscou se aproximaram para um projeto de antagonismo político em relação aos Estados Unidos. Se a guerra tomar proporções ainda maiores, a ideia de multipolaridade defendida pelas duas nações poderá sofrer alguns reveses”. Essa é uma das razões pelas quais a China não estabelece uma opinião tão firme apoiando ou não um conflito mais grave. A mesma reportagem publicada pelo Correio Braziliense também traz relatos de Peter Zalmayev — diretor da ONG Eurasia Democracy Initiative (em Kiev) — que afirmou que críticas foram feitas à Rússia por parte de Xi Jinping. E, mesmo que não tenham sido diretas, elas mostram a imparcialidade e relutância do governo chinês em relação à guerra.

Xi Jinping, presidente da China (à esquerda), ao lado de Vladimir Putin, presidente da Rússia (à direita), após uma reunião com outros líderes em Samarcanda, Uzbequistão, no dia 15 de setembro. Fonte: Foreign Policy.

Em contraste com a posição tomada pela China, o Japão prestou valiosos serviços e apoio à Ucrânia durante essa guerra. Outra matéria produzida pela CNN afirma que no dia 12 de fevereiro deste ano o ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, confirmou seu “apoio inabalável à Ucrânia sobre sua soberania e integridade territorial” e o fornecimento de gás natural de origem japonesa para a Europa em caso de uma escassez do recurso causada por uma possível invasão russa. A Agência Brasil reporta que em reunião pela internet com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, o chanceler afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia é uma violação do direito internacional e também pediu cooperação para desenvolver relações bilaterais construtivas e estáveis, por 2022 marcar 50 anos da normalização dos laços diplomáticos entre ambos os países, fazendo referência a uma época onde a relação dos dois países era conflituosa. Além disso, em reportagem o jornalista Emiko Jozuka evidenciou que o governo japonês disponibilizou e enviou coletes balísticos e equipamentos de defesa para os ucranianos. A constituição pacifista japonesa que entrou em vigor após a Segunda Guerra Mundial foi recentemente atualizada para permitir que os equipamentos fossem transferidos, sendo esta a primeira vez em que o país presta tais serviços. O escritor também relata que, em uma coletiva de imprensa, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, declarou que “É criticamente importante para o Japão e sua segurança nacional responder firmemente com outras nações contra a agressão russa e fornecer apoio à Ucrânia”. O secretário também afirma que, por mais que disponibilizem equipamentos de defesa, o Japão não enviará armas letais para a guerra. 

O conflito na Ucrânia permanece tenso. O apoio e o suporte de cada nação é importante para o sucesso de um dos lados. Por mais que a China seja uma antiga aliada russa, há a chance de um afastamento, por parte do governo chinês, em prol de não comprometer as relações diplomáticas do país e permanecer de fora dessa guerra. Já o Japão, que discursou abertamente o seu apoio aos ucranianos, permanecerá auxiliando o país. A relutância chinesa em relação à prestação de apoio militar à Rússia e o fornecimento de equipamentos de guerra à Ucrânia por parte do Japão vão ser essenciais para traçar o futuro tanto desse conflito quanto das relações diplomáticas e o futuro de diversos países.

Esta entrada foi publicada em 8th Grade, Reportagens e marcada com a tag , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *