Dados mostram que muitas crianças e adolescentes sírios estão sofrendo psicologicamente e fisicamente devido à guerra.

Em março de 2011, a guerra civil na Síria começou, como consequência da Primavera Árabe, que começou em dezembro de 2010 quando população estava protestando contra o governo de Bashar al-Assad, que assumiu o governo em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. Os cidadãos protestavam contra o desemprego, a corrupção e a falta de liberdade política. Desde 2011, a guerra civil na Síria destruiu a infraestrutura do país, colocou grande parte da população local em situação de pobreza e foi responsável pela morte de milhares de pessoas, entre elas muitas crianças, que não sofreram apenas com a morte, mas também por não estarem indo à escola, por estarem sem saneamento básico, sem moradia e entre outros.
Segundo os dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em março de 2022 mais de 3 milhões de crianças habitantes da Síria estavam fora da escola, por motivos de destruição, ou até por estarem abrigando famílias que também tiveram suas casas danificadas. De acordo com o site da Agência da ONU para Refugiados, também há casos de crianças que estão abandonando a escola para trabalhar. O UNICEF também revelou uma nota que apontava que frequentar a escola em áreas de conflito poderia ser “questão de vida ou morte” em razão da violência. O Fundo das Nações Unidas para a Infância também tem um projeto de aprendizagem inclusiva. Com isso, Azzam de 11 anos, que perdeu a perna no conflito diz “Estou feliz por poder ir à escola novamente, me divertir com meus amigos e aprender”. Mas infelizmente nem todos têm a sorte de Azzam de estar podendo ir à escola novamente.

Crianças sírias estudando em casa por conta da guerra. Fonte: Site da ONU.
Segundo uma nota do Unicef, apenas no dia 14 de março de 2022, três crianças foram mortas por munições não detonadas (bombas que não explodiram) na cidade de Aleppo. O Unicef também revelou que 50% dos incidentes de crianças sírias nos últimos anos foram causados pelos explosivos de guerra. “Quase 5 milhões de crianças nasceram na Síria desde 2011. Elas não conheceram nada além de guerra e conflito. Em muitas partes da Síria, elas continuam a viver com medo de violência, minas terrestres e resíduos explosivos de guerra”, disse o representante do UNICEF na Síria, Bo Viktor Nylund. Quase 13 mil crianças morreram desde o início da guerra, não só por conta da violência do conflito, mas das consequências como fome, falta de abrigo e falta de saneamento básico.

De acordo com uma reportagem da Unicef, além de afetar o estado físico das crianças, a guerra na Síria vem afetando seu psicológico, deixando muitas com ansiedade, trauma, tristeza, fadiga ou até problemas para dormir. No ano de 2021, um terço das crianças na Síria mostrou sintomas de problemas psicológicos. Segundo o site Exame, o garoto Zainab conta que o irmão de 9 anos era um ótimo aluno, mas esqueceu coisas simples que havia aprendido na escola, como calcular um mais um e soletrar o alfabeto. O mesmo site também conta a história de Saeed, de apenas 3 anos, só dorme durante o dia, pois à noite tem pesadelos que o fazem acordar chorando e sair de casa correndo para fugir do ataque inimigo. São histórias muito tristes que fazem ter a certeza que tempos de guerra prejudicam até mesmo o psicológico de muitas crianças que são apenas vítimas daquilo tudo.

Milhares de crianças vêm sofrendo na Síria devido à guerra que começou a mais de onze anos. Elas sofrem por problemas físicos e psicológicos, o que afetará muito o futuro delas, trazendo traumas, cicatrizes e más lembranças que ficarão para sempre em suas memórias. Crianças deixaram de ter seus direitos como crianças, brincar e estudar, por serem vítimas de uma guerra.
